HOMILIA DO 3º DOMINGO DO ADVENTO - Pe. Valdir Luiz Koch

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O Evangelho de hoje nos apresenta a pessoa e a missão de João Batista: Ele é o último dos profetas. Dele dizem-se duas coisas: que é “um homem” e que foi “enviado por Deus”. É um enviado de Deus que fala em nome de Deus aos homens. Ser enviado significa que a missão que se tem não é humana, mas está alicerçada na vontade de Deus. O profeta é um enviado por Deus e a missão tem a ver com o serviço da Palavra. A missão do profeta consiste em anunciar uma “boa notícia” em curar os corações feridos, em proclamar a libertação aos prisioneiros, em promulgar “o ano da graça do Senhor”. João se define como a voz que clama no deserto orientando o povo para acolher o Messias que está em nosso meio.

A missão do “profeta” é anunciar um tempo novo, de vida plena e de felicidade sem fim, um tempo de salvação que Deus vai oferecer a todos.  A missão de João é proclamar que a misericórdia divina se encarnou na pessoa de Jesus de Nazaré, que veio “tirar o pecado do mundo” (Jo 1,29). A sua missão é despertar nas pessoas a fé em Jesus Cristo. O papel de João Batista é apontar o caminho da salvação, proclamando a grandeza daquele que estava por vir, ao mesmo tempo em que se punha no seu lugar, sabendo que sua missão era só de preparar os caminhos do Senhor. 

João Batista é testemunha de que Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. A testemunha não aparece para falar de si, não atrai os olhares para a sua pessoa, mas para aquele de quem vem falar. João Baptista não se coloca em destaque, ele diz logo o que ele não é (nem messias, nem o profeta Moisés), para que os seus interlocutores descubram o Outro, Aquele do qual não cessa de falar, Aquele a quem prepara a vinda, Aquele para o qual todos os olhares se devem virar porque Ele é a Luz. Ele é apenas uma “voz” anónima e discreta que recorda, as realidades importantes que hão de vir.

João Batista anuncia: “No meio de vós está alguém que não conheceis, aquele que vem depois de mim, e do qual não sou digno de desatar a correia da sandália” (1, 26-27). João Batista anuncia que Deus está perto de nós, não para nos castigar ou amendrontar, mas como pessoa humana que nos ama com tanta fidelidade que dá até sua vida por nós. Essa é a razão da nossa alegria: O Menino Jesus está próximo de nós. 

É por isso que a liturgia deste domingo, chamado Domingo da Alegria, convida-nos à alegria, a uma vigilância não triste, mas alegre. São Paulo faz o convite: «Alegrai-vos sempre no Senhor» (Fl 4, 4). A verdadeira alegria nasce do encontro com o Menino Jesus, do fazer-lhe espaço em nós, do acolher o Espírito Santo que guia a nossa vida.

O cristão é alegre, porque sabe para onde caminha e está certo de que no final da caminhada encontra os braços amorosos de Deus que o acolhem e o conduzem para a felicidade plena, para a vida definitiva. Nem os sofrimentos, nem as dificuldades, nem as incompreensões, nem as perseguições podem eliminar essa alegria serena de quem confia no encontro com o Senhor.

A existência cristã é uma caminhada ao encontro do Senhor que vem. Por isso São Paulo dá algumas sugestões de como viver esse tempo de espera do Senhor: que os cristãos vivam alegres e que pautem a sua vida por uma intensa oração, sobretudo a oração de ação de graças; “dar graças em todas as circunstâncias” pelos dons de Deus, pela sua presença amorosa, pela salvação que Deus não cessa de oferecer em cada passo da caminhada; que abram o coração ao Espírito Santo e que não desprezem os seus dons; que saibam analisar tudo com cuidado e discernimento, sem preconceitos, de coração aberto à novidade de Deus, guardando “o que é bom” e afastando-se de “toda a espécie de maldade”. Somos chamados, pelas atitudes, a dar a oportunidade ao mundo atual de acolher e de “conhecer” Jesus, “aquele” que o Pai enviou.