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HOMILIA DO 23º DO TEMPO COMUM
Crédito da foto - INTERNET

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No Evangelho de hoje Jesus está diante de um homem que não ouve e tem dificuldade em falar. Naturalmente quer ser curado, e Jesus sabe-o. Esse trecho do Evangelho é uma catequese sobre a missão de Jesus e sobre o papel que Ele desenvolve no mundo. Nesta catequese o surdo-mudo representa todos aqueles que vivem fechados no seu mundo, na sua auto-suficiência, de ouvidos fechados à Palavra de Deus e de coração, fechado ao próximo e aos problemas do mundo. O surdo-mudo é um homem que tem dificuldade em estabelecer laços, em partilhar, em dialogar, em comunicar. Na concepção religiosa da época, as doenças físicas eram sinal de pecado por isso o  surdo-mudo era tido como um “impuro”, um pecador aos olhos de Deus. No entanto, Jesus abre-lhe os ouvidos e solta-lhe a língua, tornando-o capaz de comunicar, de escutar, de falar, de partilhar, de entrar em comunhão com Deus e o próximo, pois o Deus em quem acreditamos é um Deus comprometido conosco, em renovar a pessoa humana, em transformá-la, em recriá-la, em fazê-la chegar à vida plena.
Nesta cura Jesus diz uma única palavra “Effata!” (Abre-te) e faz três gestos: coloca o dedo nos ouvidos do doente, toca-lhe a língua com a sua própria saliva e levanta os olhos para o céu. “Effathá” quer dizer “abre-te”. Abrir é fazer com que o que está fechado não o fique mais. É um convite ao surdo-mudo a sair do seu fechamento, do seu comodismo, do seu egoísmo, da sua instalação, para fazer da sua vida uma história de comunhão com Deus e de partilha com os irmãos. Ao dizer “abre-te” Jesus nos dá de novo a possibilidade de falarmos com Deus através da oração e chamá-lo de “abba Pai”, de coração aberto, feliz e confiante, como um filho fala com seu Pai. Tocar com o dedo significava transmitir poder. A saliva transmitia a própria força ou energia vital e tinha um poder medicinal cicatrizante. A saliva equivalia ao sopro de Deus que transformou o barro inerte do primeiro homem em um ser dotado de vida divina (cf. Gn 2,7) Jesus “ergueu os olhos ao céu”. É o cumprimento da palavra que diz: “Levanto os olhos para os montes: de onde me virá o auxílio?” (Sl 121,1). É um gesto de invocação de Deus. O gesto de Jesus recorda-nos que é preciso estar sempre em comunhão com Deus, consagrar a Ele todas as nossas palavras, pensamentos e ações. É necessário dialogarmos continuamente com Deus para ser fiel à sua palavra; é preciso tomar consciência de que é Deus que age no mundo através dos nossos gestos; é preciso que toda a nossa ação encontre em Deus a sua razão última.
Pode-se perceber ainda, que a iniciativa de se encontrar com Jesus não é do surdo. Diz o Evangelho: “Trouxeram então um homem surdo, que falava com dificuldade, e pediram que Jesus lhe impusesse a mão”. As pessoas que trazem o surdo-mudo para Jesus são pessoas que acreditam no poder Dele, pois pedem que o Senhor imponha as mãos sobre ele. Com isto, podemos afirmar ser também esse o nosso papel. Os que já descobriram Jesus, os que se deixaram transformar pela sua Palavra, os que já aceitaram segui-lo, devem dar testemunho dessa experiência e levar outros irmãos para o encontro com ele. No final do Evangelho o povo afirma: “Ele tem feito bem todas as coisas!” Tal exclamação nos remete ao livro do Gênesis onde o autor bíblico diz: “E Deus viu que tudo era bom!” A exemplo de Deus Pai, o Cristo faz bem todas as coisas. Jesus liberta o ser humano das suas limitações físicas, para o libertar também do único mal que é o pecado.
Nós somos este surdo-mudo doente, recusando por vezes escutar a Palavra de Deus e não ousando anunciá-la, por isso Jesus hoje nos toma em suas mãos e nos leva a sós, a um lugar à parte, onde ele cura a nossa chaga mais profunda, que é a surdez espiritual. O convite a abrir a nossa boca e o nosso coração começa pelo nosso interior, para que se possa responder com verdade ao desafio lançado pelo salmista, o de louvar o Senhor a partir da alma, a partir de um interior novo e aberto a escutar a Palavra para depois a anunciar. Muitas vezes estamos fechados em nós mesmos e também para Deus; criamos dificuldades para abrir o nosso coração ao Criador. Peçamos ao Senhor que Ele pronuncie de novo o seu “Efatá!” sobre cada um de nós que cure de novo a nossa debilidade dos ouvidos à sua palavra, nos faça enxergar nossas falhas e nossos erros e nos possibilite crescer na fé. 

 
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